Bicha morre, e não vira purpurina: a representação de corpo e envelhecimento de homossexuais residentes na fronteira Brasil/Guiana Francesa
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Resumo
Este artigo teve como vocação investigar a compreensão de corpo e envelhecimento de um grupo de homossexuais residentes na fronteira Brasil/Guiana Francesa e que vivem da prostituição. Para tanto, nos apropriamos dos pressupostos teóricos e metodológicos da pesquisa qualitativa do tipo descritiva. Como técnica de coleta de dados, utilizamos os procedimentos metodológicos da História Oral Temática e entrevistamos e entrevistamos oito homossexuais com idades entre 18 a 35 anos, do gênero masculino. Os dados coletados foram submetidos à análise clássica de conteúdo proposta por Bardin (2011). Da análise das falas dos depoentes, foi possível extrair quatro categorias de análise, entretanto, neste estudo trabalharemos apenas com a categoria “Bicha não morre, vira purpurina”. Encontramos que os sujeitos participantes do estudo, por partirem da concepção de que por serem homossexuais não morrerão, virarão purpurina, não se preocupam com o envelhecimento e por serem profissionais do sexo, entendem o corpo como instrumento de trabalho que na maioria das vezes precisa ser lapidado/esculpido. Conclui-se que a representação social de que “Bicha não morre, vira purpurina” faz com que muitos homossexuais ignorem o processo de envelhecimento. Por outro lado, essa mesma representação faz com que eles desprezem os perigos ocasionados pelo consumo de álcool, drogas, sexo sem proteção, processos estéticos clandestinos com uso de hormônio, anabolizantes e próteses. Ficando evidente que a referida representação se torna um problema de saúde pública, uma vez que esses sujeitos acabam morrendo precocemente por falta de autocuidado com a saúde.
(Imagem Folha de São Paulo)
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Referências
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